Dos
R$ 47,3 bilhões gastos com investimentos pelo Governo Federal em 2013, o
Ministério da Saúde foi responsável por apenas 8,2% dessa quantia,
segundo levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM). Dentre os
órgãos do Executivo, a Saúde aparece em quinto lugar na lista de
prioridades no chamado “gasto nobre”. Isto significa que as obras em
rodovias, estádios, mobilidade urbana e até armamento militar como
blindados, aviões de caça e submarinos nucleares ficaram a frente da
construção, ampliação e reforma de unidades de saúde e da compra de
equipamentos médico-hospitalares para atender o Sistema Único de Saúde
(SUS).
“O
SUS precisa de mais recursos e por isso entregamos ao Congresso
Nacional mais de dois milhões de assinaturas em apoio ao projeto de lei
de iniciativa popular Saúde+10, que vincula 10% da receita bruta da
União para o setor. Por outro lado, é preciso que o Poder Executivo
priorize e aperfeiçoe sua capacidade de gerenciar os recursos
disponíveis”, criticou o presidente do CFM, Roberto d’Ávila. “Não
bastasse o setor ter sido preterido em relação a outros, quase R$ 5,5
bilhões deixaram de ser investidos no ano passado”, acrescentou.
Com
base em dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi),
o CFM revela em detalhes os resultados da falta de qualidade da gestão
financeira em saúde. Do total de R$ 9,4 bilhões disponíveis para
investimentos em unidades de saúde em 2013, o governo desembolsou
somente R$ 3,9 bilhões, incluindo os restos a pagar quitados
(compromissos assumidos em anos anteriores rolados para os exercícios
seguintes). Os valores foram bem inferiores aos investimentos dos
Transportes (R$ 11 bilhões), Defesa (R$ 8,8 bilhões), Educação (R$ 7,6
bilhões) e Integração Nacional (R$ 4,4 bilhões).
“Até
compreendemos a necessidade de proteção da soberania nacional. No
entanto, milhões de profissionais de saúde e pacientes enfrentam uma
guerra real nas filas das urgências e emergências de todo o país, onde
vidas são ceifadas diariamente por falta de equipamentos para cirurgias,
diagnósticos e leitos”, acrescentou o vice-presidente do CFM, Carlos
Vital. Para 2014, R$ 9,9 bilhões estão previstos para investimentos na
Saúde.
Em 13 anos, R$ 47 bilhões deixaram de ser investidos – Os
dados apurados pelo CFM mostram ainda que, nos últimos 13 anos (2001 a
2013), foram autorizados R$ 80,5 bilhões específicos para este fim. No
entanto, apenas R$ 33 bilhões foram efetivamente gastos e outros R$ 47,5
bilhões deixaram de ser investidos. Em outras palavras, de cada R$ 10
previstos para a melhoria da infraestrutura em saúde, R$ 6 deixaram de
ser aplicados.
Para
exemplificar, o presidente do CFM cita que, com R$ 47,5 bilhões, seria
possível adquirir 386 mil ambulâncias (69 para cada município
brasileiro); construir 237 mil Unidades Básicas de Saúde (UBS) de porte I
(43 por cidade); edificar 34 mil Unidades de Pronto Atendimento (UPA)
de porte I (seis por cidade) ou, ainda, aumentar em 936 o número de
hospitais públicos de médio porte. “Sabemos que esse dinheiro não seria
aplicado todo em uma única ação, mas pela comparação com o que se
poderia fazer, tomamos consciência do tamanho do desperdício”, alerta
Carlos Vital.
Compare no gráfico abaixo a relação dos investimentos da Saúde com outros ministérios:
Investimentos em 2013
Confira a série histórica de investimentos federais na Saúde:
Investimentos da Saúde
Nenhum comentário:
Postar um comentário