Timóteo Carriker
O divórcio entre a fé e
a ciência, ou entre a física e a metafísica, marcou o fim da
Idade
Medieval e o início do Iluminismo. Não me entenda mal. Creio
que este divórcio trouxe
inestimáveis benefícios para ambos os
lados, mas não sem um alto preço. Assim como os
divórcios são
caracterizados por brigas, mal-entendidos, rotulações
preconceituosas ou até
xingamentos de ambos os lados, a ciência e a
teologia também sofrem de grande dificuldade
de comunicação. Além
disso, com o amadurecimento da ciência, cresce a convicção popular
de
que a ela pertence o campo dos fatos enquanto à religião
pertence o campo dos valores.
Curiosamente, ao campo dos fatos se
aplica a regra de singularidade e dogma. Isto é, a
respeito de
determinado fenômeno, cientificamente falando, os fatos são únicos
e, uma vez
estabelecidos, se tornam dogmas. O inverso ocorre na
percepção do papel da religião para
quem é relegado ao campo dos
valores. Estes valores, não como fatos, são múltiplos e, por
isso,
culturalmente, não devem ser entendidos como dogmas universais,
apenas ao gosto do
freguês.
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