sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Fé e ciência: irmãs gêmeas ou inimigas?


Timóteo Carriker
 
O divórcio entre a fé e a ciência, ou entre a física e a metafísica, marcou o fim da Idade Medieval e o início do Iluminismo. Não me entenda mal. Creio que este divórcio trouxe inestimáveis benefícios para ambos os lados, mas não sem um alto preço. Assim como os divórcios são caracterizados por brigas, mal-entendidos, rotulações preconceituosas ou até xingamentos de ambos os lados, a ciência e a teologia também sofrem de grande dificuldade de comunicação. Além disso, com o amadurecimento da ciência, cresce a convicção popular de que a ela pertence o campo dos fatos enquanto à religião pertence o campo dos valores. Curiosamente, ao campo dos fatos se aplica a regra de singularidade e dogma. Isto é, a respeito de determinado fenômeno, cientificamente falando, os fatos são únicos e, uma vez estabelecidos, se tornam dogmas. O inverso ocorre na percepção do papel da religião para quem é relegado ao campo dos valores. Estes valores, não como fatos, são múltiplos e, por isso, culturalmente, não devem ser entendidos como dogmas universais, apenas ao gosto do freguês.

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