segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Pesquisa liga medicamento para diabetes a dano ao coração

Reportagem publicada pelo jornal norte-americano The New York Times (http://www.nytimes.com/2010/02/20/health/policy/20avandia.html?pagewanted=1&th&emc=th) no dia 20/02/10 traz à tona uma história que se desenrola em torno do medicamento Avandia (roziglitazona). Ela é muito educativa sobre todo o processo de pesquisa de novas drogas, sua divulgação e comercialização.

Documentos secretos do governo norte-americano, aos quais o repóter teve acesso, recomendam a retirada deste medicamento do mercado, devido ao aumento do número de ataques cardíacos sofridos pelos seus usuários, que não precisavam ter ocorrido: 304 somente no último quadrimestre de 2009. Os documentos são assinados pelos Drs. David Graham e Kate Gelperin, do FDA (equivalente à Vigilância Sanitária brasileira).

Aquele órgão tem seus técnicos divididos em dois grupos: os favoráveis e os contrários à retirada do medicamento. No ano de 2007, por um placar de 8 a 7, o Avandia foi mantido para as vendas. O debate interno acalorado tornou-se público em virtude de um desacordo entre uma comissão de investigação do senado daquele país e um novo teste clínico com a roziglitazona em larga escala. Segundo esta comissão, a GlaxoSmithKline, fabricante único do medicamento (a patente vence em 2.012) falhou em não alertar os usuários do risco aumentado de problemas cardíacos fatais.

No ano de 2006, as vendas totalizaram 3,2 bilhões de dólares, graças à propaganda maciça. A partir de um estudo publicado em 2007, o primeiro alarme foi dado e as vendas começaram a cair. Diversos outros estudos foram realizados desde então, sem que o FDA tenha conseguido pacificar os dois grupos.

O relatório do senado, ainda não publicado, critica a empresa de modo ferino por não ter alertado os pacientes, há anos, dos riscos cardíacos, assim como por outras atitudes: intimidação de médicos independentes, estratégias para minimizar ou alterar os achados que mostram o aumento do risco cardiovascular e minimizar os efeitos positivos da droga concorrente direta (pioglitazona, Actos) que não parece ter os mesmos efeitos deletérios.

A companhia mantém sua visão da segurança da droga e nega intimidação.

Publicado em www.medicinaeciencia.med.br, por Eduardo Ribeiro Mundim, em 22/02/10

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